Quando a epidemia termina, ela tinha já aprisionado duas mil vontades. Foi então que caiu doente. Nenhuma cura é conhecida nem mesmo a causa do seu adoecimento. Um dia, Scarlatti toca o cravo e ela abriu os olhos e chorou. O maestro vem, então, todos os dias e a saúde de Blimunda depressa recupera.
Somos levados a pensar que a causa do seu adoecimento é talvez de culpa e do próprio fardo que ela transporta ao recolher as vontades e enganar quem sem saber as cede. Embora uma mentira que não magoa, que como muitas vezes o próprio Padre Bartolomeu as inventa, estas não deixam de ser mentiras e por isso Blimunda sente esse fardo, só quando Scarlatti toca o seu cravo ela parece melhorar, podemos entender a sua música como algo similar às vontades (imaterial, nunca vista, difícil de explicar, impossível de entender por quem não a pode ouvir, …) a libertação do fardo que alivia Blimunda.
Baltasar e Blimunda vão a Lisboa procurar Bartolomeu. Este doente, magro e pálido, revela remorsos por ter colocado a vida de Blimunda em perigo. Mas o seu humor não parece alterado pela notícia de que todas as vontades formam recolhidas. Com tudo pronto para que se pudessem elevar e realizar o sonho do Padre, ele anuncia que vai informar o Rei que a passarola está pronta. Não sem antes a experimentar.
O Padre Bartolomeu revela-se ao longo do texto como um Padre nada convencional. Não obstante muitas vezes se surpreende ao questionar o seu Deus. Ele é um intelectual e inventor. Neste caso em concreto Bartolomeu Lourenço põe a sua ânsia de terminar o projecto um pouco a frente da segurança dos seus amigos. Ele pede a Blimunda que incorra em risco para que se consiga concluir a passarola. Confrontada no dilema da sua própria saúde ou o projecto, ela não hesita sequer e parte em viagem. Consigo vai Baltasar.